RIO - A ONG Rio de Paz faz, nesta quarta-feira, em Brasília, mais um protesto contra a corrupção. Desta vez, as 594 vassouras nas cores verde e amarela, que representam o número de parlamentares do Congresso Nacional, foram colocadas no gramado da Esplanada dos Ministérios. As vassouras foram instaladas na noite de ontem e permanecerão no local até as 15h de hoje. A ideia é entregar, depois, as vassouras aos 513 deputados federais e 81 senadores.
Na semana passada, a ONG, que luta pela redução de homicídio no Brasil, promoveu a mesma manifestação nas areias da Praia de Copacabana , no Rio de Janeiro. A ideia de levar o protesto para a capital do país surgiu após o senador Pedro Simon dizer, em entrevista, que gostaria que a ONG Rio de Paz levasse uma vassoura para ele em Brasília.
A ONG pede ao Congresso que se envolva na luta do povo brasileiro pelo fim da corrupção e a aprovação do fim do voto secreto.
"Os membros do Congresso Nacional têm que dar o exemplo. A voz do povo precisa ecoar na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Entendemos que a aprovação do fim do Voto Secreto representará a emissão de uma importante nota de compromisso com a aspiração de 200 milhões de brasileiros", diz o presidente da ONG, Antônio Carlos Costa.
Conheça o pastor protestante que comanda os protestosPastor protestante, o carioca Antonio Carlos Costa está por trás das manifestações que já espalharam milhares de cruzes no Rio, numa campanha interminável contra a violência, e que recentemente passou a usar vassouras como símbolo de uma nova mobilização contra a corrupção no país.
O movimento Rio de Paz foi criado em 2007, como foco no combate aos assassinatos e à violência no Rio. A luta contra a corrupção, segundo Costa, foi quase um passo natural, à medida em que o dinheiro desviado faz falta para o êxito de políticas sociais e de segurança.
- A corrupção mata. Na ponta, é uma forma de homicídio. É gente morrendo em filas de hospitais, policiais mal remunerados.
Aos 49 anos, Costa conta que é formado em teologia, mestre em história do cristianismo e faz doutorado também em teologia, na Faculté Jean Calvin, em Aix-en-Provence, na França. A dedicação ao Rio de Paz, porém, tem atrasado a conclusão do curso. Embora tenha sido ordenado pastor, Costa diz que atua na área de ensino religioso, dando aulas em seminários e numa igreja presbiteriana na Barra da Tijuca.
A formação religiosa dá a linha de atuação do Rio de Paz: não há insultos às autoridades públicas, só reivindicações; e as manifestações não bloqueiam o trânsito. Costa enfatiza, porém, que o movimento é plural e que todas as correntes religiosas e de pensamento são bem-vindas - desde que, obviamente, comunguem dos ideais de preservar a vida, reduzir a violência e, agora, combater a corrupção.
Indagado sobre o passado da vassoura como símbolo na política brasileira - o utensílio deu forma à campanha eleitoral de Jânio Quadros, o presidente que se elegeu e renunciou em 1961 -, Costa responde que é preciso "resgatar a reputação" da vassoura.
" A corrupção mata. Na ponta, é uma forma de homicídio. É gente morrendo em filas de hospitais, policiais mal remunerados "
Costa e integrantes da marcha contra a corrupção de Brasília começaram a fincar as 594 vassouras verdes e amarelas no gramado em frente ao Congresso na noite de terça-feira. O número corresponde à soma dos 513 deputados com 81 senadores.
O objetivo imediato é acabar com o voto secreto, especialmente depois que a Câmara inocentou, no mês passado, a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), flagrada em vídeo recebendo dinheiro do esquema do mensalão do DEM de Brasília, cinco anos antes.
- Isso não pode ser um espasmo cívico. Tem que ter continuidade. No Rio, a gente não sai da rua - diz Costa, anunciando a intenção de promover ato semelhante quando o Supremo Tribunal Federal julgar ações envolvendo a Lei da Ficha Limpa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário